domingo, novembro 27, 2005

...

Pensando em puxar a tomada...
Não sei se em seu sentido mais literal, mas sim em busca de um desligamento total do mundo, da rotina, do colégio e das recuperações, das separações eminentes, enfim, sair desta prisão em busca de liberdade.
Devo dizer que a realidade é fria e enfadonha? Devo dizer que faz sentido fugir de toda essa guerra mascarada que é nossa "vida real" através de drogas e suicídio? Devo lembrar que não somos máquinas e sim seres humanos, que além de pensar também sente? Devo dizer que apesar da maioria das pessoas acharem esse tipo de fuga - suicídio e drogas - irracional e burra, são essas que todos os dias patrocinam o desenvolvomento dessa máquina ávida de escravos que é o sistema capitalista, e que elas mesmas têm sua parcela de culpa na formação de adolescentes "burros e irracionais"?
Devo lembrar que o mundo vêm acabando graças às "mentes dementes" dos que se intitulam sábios e empeendedores? Que chegará o dia em que pais matarão seus filhos de sede, fome - de comida e carinho -, raiva e sufoco?
Devo lembrar que devemos construir mais escolas e destruir mais cadeias? Devo lembrar que pensar a curto prazo nos leva à conquistas cada vez mais passageiras, e derrotas cada vez mais marcantes?
Não...
Não devo, pois estaria perdendo meu tempo, como todos os que acharam que valeria a pena morrer pelas coisas sem as quais não se vale a pena viver. E que hoje, olham decepcionados pra esse circo que se chama Terra...

sábado, novembro 26, 2005

Demian

O que me leva a escrever não sei. O que surge em mim nessas horas são sentimentos que ainda não se explicam; ou que eu não consigo explicar.
Mas escrevo, assim, por teimosia, por fuga, por desespero? Escrevo apenas, e não me sinto alegre nem triste, apenas poeta, apenas vítima desta miscelânea de incertezas que se alimenta de mim... Cada um é seu próprio mestre, seu próprio veneno.
Os loucos estão certos e custamos a venerá-los, as crianças e os bichos são a mesma alma, mas quando crescemos perseguimos deliberadamente a estrada errada, crendo, por orgulho, que somos seres diferentes – e diferentes de nós mesmos. Os deuses, os ideais e as moralidades nada mais são do que nosso reflexo disfarçado no espelho; o porto de nossas dúvidas, nossos medos e desejos mais íntimos.
Somos todos infinitos, somos todos os sonhos e pesadelos, somos anjos e demônios dentro do mesmo corpo, somos toda a História, todos os deuses e todas as civilizações, mas, por convenção, preferimos nos reduzir à mísera condição de homens. Somente homens.
Mundos loucos se criam e se destroem diariamente dentro de nós; e a cada noite nos renovamos – por isso é tão difícil render-se à rotina –, em nossa alma habita Zeus, habita Hades, lutam entre si Caim e Abel, a ambos morrem, ambos vencem e se entregam ao destino. Somos loucos mestres da sensatez e doce overdose de tristeza. Somos Judas e Jesus – e o primeiro é santo. Mas convenhamos, admiti-lo é muito mais difícil.
Assim nos evitamos. Assim nos enganamos, e mais cedo ou mais tarde descobrimos que nossa profissão, nosso piano e nosso rádio, nossos livros, tudo isso, são apenas enfeites. Que nosso Destino é encarar o espelho, e nos conhecermos, para só então termos a audácia de entender o mundo.

Ainda Ostras...




Deitar a cabeça no travesseiro ao fim de todo um dia de luta, e, através de um duro amadurecimento, perceber que nem ao menos empregou as horas disponíveis numa simples – mas importante – excentricidade, é ter a certeza de que ou você adquiriu uma bela e tão almejada perfeição, ou sua criança interior (este ser hoje esquecido por muitos, mas que luta incansavelmente por mais atenção; este pequenino exemplo de pureza sensata, de amor a aventuras sem medo das conseqüências) está sofrendo, no canto, sentada, chorando.
Ah, isso acontece muito! Pois é muito mais fácil, muito mais cômodo se deixar levar pelos medos, pela covardia e racionalidade. Será mais seguro se esconder na caverna com medo das sombras lá fora? O que será que a luz pode revelar?
A verdade é uma jóia jamais lapidada, é inescrupulosa, atrevida, mas jamais, jamais será egoísta. Somos dia-a-dia condicionados a fugir do passado e dos espelhos, e aceitamos. Aprendemos com os homens a pôr mais e mais fechaduras em nossa porta, com medo de quem poderá entrar. E nos isolamos. Não arriscamos, não vencemos, não seguimos...
Ainda que tentássemos entender o que os filósofos diziam em suas teorias, e em busca da verdadeira essência de suas palavras, perseguíssemos o caminho que nos dirige até tais verdades, por nossa própria natureza jamais conseguiríamos. Porque na simplicidade mascarada de belas teorias é que se encontra o mais valioso ensinamento; mas o homem, dotado de fenomenal (in) capacidade, julga-se superior aos selvagens que com tão frágil instinto conseguem tirar do tão pouco sua sobrevivência – sem julgar conceitos, ensinamentos, loucuras; sem procurar sentido divino em um simples escarro...
Por isso, por nossa burra vontade de “divinar-se”, é que jamais alcançaremos a verdade.

Meu Mundo e Idioma

Vivo dentro de mim, meu mundo sou eu, interno. Por eu entender meus sentimentos, e por só assim conseguir exprimi-los, uso pouco das palavras. Estas, foram criadas por homens, mudam ou são esquecidas. Os sentimentos não; eles nascem por si mesmo, por si mesmo sobrevivem, e em si já dizem tudo.
Por isso não falo. Pois um olhar, um gesto e um sentimento substituem qualquer palavra, qualquer idioma.

terça-feira, novembro 15, 2005

Provas = Provações

Sei que não vou escrever nada q vcs já não saibam (pelo menos as pessoas "normais" acho que vão me entender). Dá aquele frio na barriga. Vc pensa no dia chegando, desce uma tristeza, um senso de "responsabilidade" forçada e inútil. É isso mesmo, toda essa física "bizarra" e matemática "inútil", assim como conhecimento do interior do dente de um ácaro em Biologia não nos leva a lugar nenhum...
Isso me leva a pensar o porquê da "abolição" da Filosofia nas escolas... Voltemos à ditadura militar, onde o ensino dassa arte(o "pensar") foi extinto pois moldava os alunos à uma análise crítica das coisas... Pois é, vc acha que se estudássemos Filosofia, iríamos abaixar nossa cabeça pra todda essa babaquice que os colégios nos obrigam a aprander(pior, pensando só no vestibular...). Cadê o nosso futuro como cidadãos, como críticos e humanos? Eles nos querem como máquinas, "vivendo pra trabalhar e trabalhando pra viver". Obrigado.

Óbito Casual

Morri hoje?
Padeci por um sentimento há tempos escondido, e de que tanto necessito pra viver? Qual será ele, que causou meu lento entorpecimento, de alucinações escarradas por um conjunto de sonhos e loucuras?
Como será agora, livre das amarras imperfeitas da vida? Como trilharei e semearei minhas dúvidas luciferianas? Será que os absurdos, agora lúcidas verdades, cuidarão de me lançar à danação?
Eu, que tanto lutei por eles!
Ah, como é boa a indigência! Estar enxuto das lamas políticas e fisiológicas! Agora deus, dono de todo meu infortúnio, livre para xingar a quem odeio, pra cuspir no prato de quem tanto passa fome, e que pouco luta pelo pão.
Agora tenho um refúgio, e dele serei Rei! Tenho mil virgens loucas, e outras mil insaciáveis! Tenho a razão, e esta enfim traz-me alegria, e vontade de viver...
Não uso mais relógios, e o tempo é companheiro; não fumo mais cigarros e nem bebo – a embriaguez é viva, é eterna e saborosa. É morta, e é brincadeira; e o destino? Ah, destino! Perdeu-se o valor!! O futuro agora é ridículo, é passado; são pobres anos mortais dos escravos de fórmulas e doenças, dos que passam toda uma vida para perceber que no fundo o viver não deve ser visto como causa, e sim como conseqüência! “A existência não merece nossa saudade, pois é passageira. Saudemos a morte, esta sim, infinita!”
E se não quiseres partir, que leves nas mãos a bandeira anárquica, e ria dos padrões, dos modelos e dos homens. Ria, pois o riso nos faz ver que a vida é tão banal que não podemos vivê-la como uma tragédia.

domingo, novembro 13, 2005

Início



Começo hoje minha internação... Não é de modo algum em hospícios, clínicas nem escolas. Interno-me dentro de mim; meus defeitos, lirismos, impaciências, idéias... Não estou alegre nem triste, estou "mundo". Estou "espelho". Um pouco do pouco que sou revelarei. São momentos, vida. É CÁRCERE.

Domingo...

O domingo não merece poesia. Nem esquecimento!! Deus, vc esqueceu que nem todo mundo quer descansar como Tu no domingo?? Que mesmice, que tédio...
O que é que seres humanos "incapazes" como nós podemos fazer, né? Quanto mais eu, que vivo num interior de estado, inerte em si próprio. A sulução é a fuga: vamos dormir ou ler um livro, que aí nos transportamos pra outros mundos mais interessantes. Parece até base de algumas religiões isso...rsrs

Análises



Certas vezes penso em desistir.
Corro para o fundo de mim, para o canto mais distante e inexplorado de minh`alma, para só assim buscar repostas para as dúvidas da existência, as falhas de minha essência. Carrego ainda cicatrizes dos tropeços, e ainda dói quando penso no Amor. As feridas são eternas, a cura, momentânea ; mas a força para reerguer-se, esta jamais se perde.
Interiormente percebo que mudei pouco. Ainda persistem as mesmas cenas em que me torno servo dos phatos, averso às razões. Nos meus poucos momentos de lucidez compreendo que viver não é tão fácil quanto pregam os capitalistas e cristãos. O dinheiro não resolve as armadilhas da solidão, assim como a religião não esclarece por que se sofre de amor nem por que estamos na Terra mas devemos viver pra Aquele que está nos céus, caso contrário seremos castigados...
Por mais que o que sinto tente convencer-me do contrário, acredito que o caminho da felicidade se constrói e se trilha dentro de cada um de nós, mas como este processo é mais complexo, optamos por criarmo-nos na idéia de que outra pessoa será responsável por alicerçar o nosso êxtase emocional, a nossa felicidade.
A religião prega-nos o caminho à felicidade eterna de forma simples: basta perder-mos nossa capacidade de questionar, de pensar e viver. Fácil? Para alguns...
É uma arma alienatória e inteligente, visto que buscar tal realização pelos meios “terrenos” é difícil e muitas vezes a felicidade é momentânea, oca, falsa.
Muitos preferem o romance como solução, mas poucos têm a força necessária para lidar com as possíveis perdas e decepções, o que é inevitavelmente pior.
O vazio aumenta...
A evolução humana prova-nos que ao tempo em que enriquecemos emocionalmente, a capacidade para conviver com tais emoções e suas demandas permanece intacta. Evoluimos fisicamente, psicologicamente somente de forma racional, mas não aprendemos, digo todos, à reconhecer nossas fraquezas emocionais, e queremos mais e mais; não nos contentamos com poucos tropeços, queremos adiquirir imunidade à eles tropeçando.
Ainda falta muito...
Mitos ainda surgirão para tentar explicar os mistérios do mundo, dos mundos. Falsas doutrinas cairão e o racionalismo prevalecerá corroendo o que ainda falta de incompreendido em nosso âmago, mas serão somente mitos e doutrinas falsas. A verdade, o íntimo, estes pertencem a cada ser, a cada veia pulsante, a cada mente, mas nem ela se compreende...
O cume calmo de cada homem, ao ser explorado, ruirá em meio as tempestades das dúvidas, e suas respectivas respostas. Ninguém entende, nem eu tenho muita idéia do que sinto, do que escrevo talvez, resta contemplar os mistérios da vida, e não entendê-los é o que a torna mais interessante, é o que nos faz ver o quanto somos ínfimos perante o mundo. Desvendaremos a física, jamais a filosofia; desvendaremos o corpo, jamais a alma; exploraremos o Amor, jamais o entenderemos...

SOU O QUE SOU...

Escrevo pensando na dor, no calvário, nos abismos, nos homens.
Dou-me conta de que as linhas bordadas no papel nada mais são que símbolos do que me tornei: dor, abismo, homem.
Passo tardes, de sol que se esmaece no horizonte, assim, calado e inerte. De onde deito-me, este meu leito de “morte”, sinto apenas meu peito; sinto o sono chegando e meu corpo com pena de mim. Durmo.
Acordo numa alegre melancolia das noites. É lua nova. Sou estrela que brilha, mesmo depois da inexistência, teimosa.
Passo só a madrugada. Passos curtos, lentos e bêbados com que caminha o tempo; modelando-me ao eterno esquecimento, humilhando-me a me ver invisível no espelho. Não me conheço. Por isso sou inerte às batalhas...
Sou o que sou, e pouco me compreendo. Não sou de oráculos; apenas mistério. Apenas mistério.
Sou o que sou. E isso me basta.

SÍNTESE

Por quantos séculos ou
segundos se estenderá a
dor humana?

Pego a sentir-me um
covarde perante os sonhos.
Às dores não mais resisto,
aceito-as;
a esperança? Farta-me com
ilusórias promessas de vingança
ao falso sorriso em débeis
fotografias.

Ávido,
bebo o vinho doce do
pecado, ante a cruz
Daquele que perdeu-se
no medo dos homens
de Deus.

Depressiva / mente, ponho-me
às mãos do destino;
entrego-o as tardes perdidas,
os sonhos, as dores e desejos
suicidas.

Amargas feridas que o
meu dedo toca, e na
dor sinto a vida:
contaminada pelos erros
meus.

Sigo blasfemando
e contando os dias,
vítima das circunstâncias
e lembranças do choro
ao me ver recém-nascido;
chego a sorrir o dolorido
ao desejar a doce infância:

a melhor fase que
jamais tive...
Daniel Lordelo
21/05/05