domingo, outubro 08, 2006

Eus

É complicado escrever sentimentos. Tanto quanto vivê-los difícil se torna... Acordo vazio, sem senso, sem rumo, mendigando um sentido por vidas afora...
Separado dois corpos, porém se mantém o nó... e quanto mais se tenta – em lados opostos – desvencilhar-se, mais apertado torna-se o laço. Não adianta esconder-se aos gritos de quem mais o conhece, de quem sabe seus gostos, gestos e vive em essência o que sentes. Alguns o chamam de âmago, outros de Santo Espírito; eu o dei meu nome...
Daniel me entende, me ri, me fere e me cura. Eu e eu mesmo. Meu remédio e meu veneno.
Nesse instante, enquanto escrevo estas linhas ele ri e sussurra: “Sou suas escolhas e renúncias, suas virtudes e vícios. Você não me escolheu, mas assim me construiu; eu não pedi esse nome e caráter, mas faço do teu corpo meu abrigo, das tuas vestes meu calor e dos teus olhos meus sonhos... Enquanto me acusas eu o amo inteiramente, e quando me amas, beijo tua face...”.
E o prendo em meus êxtases e loucuras, até não mais saber quem guia e quem segue...