domingo, abril 09, 2006

Declaração


Beleza é aquilo que floresce
Dos teus olhos.

Sentidos poucos para decifrar-te
Por tamanho mistério.
Da mítica maneira com que
Ganha meus delírios,
Na intrépida leveza em que
Segue teu caminho,
No lume que acende neste
Peito que te oferto
Ilude-me à certeza de que nunca
Estou sozinho.

E te peço, insensatez de meus
domínios,
Que arrebenta toda a chama
Inabalável das verdades:
Traz de volta o perfume
Destas rosas,
O alimento dos meus lábios –
teu amigo –
e faz ver-me em tua retina,
a todo tempo,
pois é nela que encontro meu abrigo.

Nesta fonte de contrastes
que se chama Sentimento,
és a única razão do que agora moldo em versos.
No vagar inalcançável de meu doido pensamento,
Dou-te a alma e o desejo de teus beijos e regressos.

Vida em Soneto

Não sou eu espírito de poesia...
Não sou nada senão o próprio nada,
Tateando minha vida desalmada
Desconstruo-me a cada alegria.

Ser projeto de outro ser,
Desatino de outras mil vivências,
No mesclar de vãs experiências
Ser poemas, melodias, ser prazer.

Eis as contradições de minha essência:
Ora busca sentimentos e sentidos,
Ora perde-se em vazio e inexistência.

Porém, o silêncio muito me ensina,
Nos momentos em que tudo é alma, é vida,
Quando o amor se faz perpétuo e domina...