sábado, junho 03, 2006

Ao Céu, Infinito...

Você aqui, do meu ladinho,
E eu sem poder te ver...
Nas incertezas que o Amor
Põe no caminho,
Só nos resta o contemplar do adormecer.

Faço a ti meus versos simples
Como o que canta lá no ninho, passarinho,
Esperando, ansioso, retornar
Ao conforto de não mais estar sozinho.

Não vens...

Nasce o dia, mudo.
Muda rima,
Muda o mundo
E nada muda.

O meu canto já não chega aos corações...
Parto os laços,
E em meio ao rodear das multidões
Abro os braços
e vôo!



D. Lordello
02/05/06

Últimas Palavras

Discutimos por tantas besteiras...
Por que não fazer poesia?
É uma boa terapia
Pra quem pensa em me matar.

Tem sonetos, versos livres,
Barro pronto pra moldar.
Rimas pobres, pratos cheios
De castigos e cem meios
Pra você me condenar.

Mas antes de dá-me a sentença
Lembra-te, amada, à solidão dos Universos:
Que meu inteiro viver foi em razão de te ensinar
Os prazeres e a arte de viver a vida em versos.


D. Lordello
31/05/06

Sentença

“Incapaces los hombres
Que hablan de todo
Y sufren callados.”

Nasci mudo.
Sofri mundo.

Eu sou apenas um rapaz
latino-americano
e condenado por poemas.


D. Lordello
30/05/06

Poesia de Manhã

Parar por um momento
E viver eternos tempos
No fazer da poesia.

A folha a beijar o vento
E a pipa que descansa
Lá nos fios de energia.


D. Lordello
28/06/06

Inveja-me


Inveja-me os romances
de novelas...
Esses romances frágeis
e embalados com isopor.
Onde o tempo se esquece de passar
e a vida se esquece o que é o Amor.



D. Lordello
31/05/06

GPS

Só te vejo raramente.
Quando minha mente mente, te vejo sempre...

Quem tem
AMOR vai à
ROMA.

Talvez por isso eu nunca te encontre...


D. Lordello
29/05/06

EGO - ÍSCA

Eco-não-mia, eco não mente.
Economia é como gente.

Não gasta nada
pensando
no
FIM
...
..
.
.
.
. . . .

D. Lordello
31/05/06
No inverno os dias são mais curtos,
Os humores mais frios;
Mar e Ana tira-me o fôlego,
(o ar quente das lareiras)
E, Pobre, o meu peito
Teima em rimar-se com o vazio.

Os casais, casas e ais,
Também se entristecem.
Gelam os telhados,
Cala-se o pássaro
(tudo passará)
Estrelas e Lua me aquecem.

Voa, meu peito!
Quebra o tempo,
As geleiras,
E as janelas!


D . Lordello
29/05/06

Coleiras e Colírio

Correm apressados, atrasados,
Os operários cegos.

Anda-se destino, sem destino
O andarilho cego.

Sigo o andarilho cego.


D. Lordello
29/05/06

Antíteses da Praça

O casal que cala
depois de meses sem se ver;
Pra quê, pois, usar da fala
quando a alma pode ver?

E eu, só, choro lágrimas distantes.
Só, solo lágrimas gritantes...


D. Lordello
30/05/06

Andarilhos

Havia uma pegada na areia!
Parei o carro, desci e li nos passos,
Feliz:
“Não me siga.”

Deixei o vento enterrar o rastro
E fui pra casa sonhar.



D.Lordello
29/05/06

Amor-Perfeito

O Bem-te-vi
E o bem-me-quer
Carregam-em-si teu nome.


D. Lordello
29/05/06

A Terra Que Me Sonha Abraçar

Quinhentos cruzados de vida
Dará-pra-comprar um
Amor simples, na beira da praia
E um chegar sem partida?

A rima me faria ficar?

Acorda! A corda no pescoço tem pressa...



D. Lordello
31/05/06

À Noite

Um gole de café pra não dormir...
Poesia na metade sobre a mesa.
Sufoco da carência de sorrir
da vida com sua tímida beleza.

Recompor-se no clamor dos que desejam,
Provar do bom veneno do sonhar.
No suor de dois amantes que se beijam
Banhados pela Lua a dardejar

mato minha sede de Amor.
Engano. É insaciável, pois, o líquido salgado,
Sagrada conseqüência do calor.

Acordo enfim,
Dormi por sobre a mesa sem querer,
- escravo do que o sonho faz de mim -.


D. Lordello
30/05/06

À Cazuza...

“O nosso amor a gente INVENTA
Pra se DESTRUIR...”