terça-feira, fevereiro 28, 2006

À Humana/Idade

Vivo somente.
Lúcido, alucinado;
chego a rogar os teus pecados
em minha rotina demente.

Mente. Mata-me,
em pôr-de-sóis indecentes.
Sentes. Cala-te,
para chorar novamente.

Ver-te, velada verdade
– que a idade tomou como flerte –
vozes, mãos, humana/idades;
todas as atrocidades que o mal tomou por deleite.


Dói, ao me ver
no espelho refletido.
Arrítmica destreza
com que passam-se os anos.


Sou fera, sou bicho;
ao teu lado sou menino.
Invejo, desejo
(entregue a este vício)
unir-me ao teu
incerto destino.



Daniel Lordelo
11/10/05

Fuga

Está quase amanhecendo.
Ops!
Tenho que dormir!!

Estes dias de sempre...



Eu, que não me encontro em mim mesmo,
Que desperdiço meus sonhos,
Que vivo escravo dos erros,
Experimentando toda forma de saudade...

...Eu, antes moleque, hoje menino,
Deitado na grama e sorrindo,
Perdido em outros olhos, ilhas,
Respiro o último ar de amor...

...d’Ela, que me apresenta distante,
E vive tão diferente
em seus gostos e gestos,
Enigmaticamente diversos
Do que chamo de ‘dor’.

São mil vidas,
Mil formas de arte
Na mesma mulher.
Humanos, ‘profanos’ desejos,
Reforçam os segredos
De quem sabe o que quer.

Prossigo, novamente sozinho,
As velhas estradas da insônia;
Meu sonho – distante caminho –
Ri de mim sem qualquer parcimônia.

Já os versos, mapas da alma,
Nos inversos momentos de calma,
Adormecem.

Rimam febres com delírios,
Plantam Dor e colhem Lírios
Onde só com ardor florescem.


D. Lordelo
02/02/06



Sem título...

Vejo os olhos dela bem de perto. Toco seus lábios, que reagem beijando meus dedos, que por sua vez aceleram os batimentos, e tremem os corpos...
À frente, as ondas; o vento que alisa seus cabelos meus, dançando os sentidos, perdendo-os nas palavras, estas que já não dizem nada. Nada mais diz coisa alguma, além do envolvente silêncio, antes lírico, hoje dramático.
Que é o Amor romântico senão um (e)terno drama?