domingo, novembro 13, 2005

SOU O QUE SOU...

Escrevo pensando na dor, no calvário, nos abismos, nos homens.
Dou-me conta de que as linhas bordadas no papel nada mais são que símbolos do que me tornei: dor, abismo, homem.
Passo tardes, de sol que se esmaece no horizonte, assim, calado e inerte. De onde deito-me, este meu leito de “morte”, sinto apenas meu peito; sinto o sono chegando e meu corpo com pena de mim. Durmo.
Acordo numa alegre melancolia das noites. É lua nova. Sou estrela que brilha, mesmo depois da inexistência, teimosa.
Passo só a madrugada. Passos curtos, lentos e bêbados com que caminha o tempo; modelando-me ao eterno esquecimento, humilhando-me a me ver invisível no espelho. Não me conheço. Por isso sou inerte às batalhas...
Sou o que sou, e pouco me compreendo. Não sou de oráculos; apenas mistério. Apenas mistério.
Sou o que sou. E isso me basta.