sábado, janeiro 21, 2006

O rio, os pássaros e os 'problemas'...

Recosto-me às janelas e observo pássaros seguindo a mesma rota nos céus. Carregam em si o instinto de viver segundo sua espécie, ou talvez segundos sem esse instinto.
Sentem a corrente de ar e deixam-se levar, aprisionados por ela, sempre segura, guiando-os ao mesmo destino.
Destino-me a pensar se devo seguir à margem de escolhas, ou melhor, se me deixo tragar pelo rio, boiando mais a cada batida do peito, vivendo sem esforços, à mercê das correntes, das curvas e cascatas, até me desaguar...
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Como seria o encontro com o mar? A morte do rio em mim. Como deixar de esquecer-se, ou deixar de desejar o esquecimento se me convida o rio? Como eu, ser incerto de tudo, beberei destas águas sem querer banhar-me nelas?
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Entender que sua personalidade lhe faz único, ou pior se nos ilude a essa capacidade – pois sempre pertenceremos a alguma classe de homens e/ou outros animais – nos faz desejar nosso “caminho único”, mas pode ser só mais um sonho; voltamos às classes. Na verdade de nada me importa as classes; talvez nos ajudem a aceitar nossa condição e seguir ao menos um caminho...
Mas entender que nossa personalidade é turva, enigmática e obscura a ela própria nos leva à que condição? Às quais desejos?
Não; não tenho coragem pra isso...
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Só quero a sorte de um amor tranqüilo...