domingo, dezembro 04, 2005

Sobre a bebida e o episódio...


Como se resume o desassossego? Talvez eu seja cego, ou talvez nego a impossibilidade de abster-se do medo. Talvez tudo seja Quimera, talvez seja a realidade sem tempero, mas que nas poesias e músicas adquirem um pouco de alma.
O que resta do resto é mundo. Do desespero profundo, calma; tranqüilidade pelo estado terminal da vida, e de parte de meus sonhos – onde, ao invés de mar de rosas, só sinto espinhos. Eles me massageiam, são verdes sem esperança, é cálice de sangue coagulado e refletem o “prazer” da abstinência. Não, não uso drogas; já basta o Oxigênio. O prazer ao qual me refiro é de entreter-se com a (im)possibilidade de ter encontrado andando por aí o seu reflexo de espelho, a sua artéria. Mentira. Bastam uns copos de vinho para que a VERDADE perca a VERGONHA, e seja como deveria ser para aqueles que fogem da própria essência: nua e crua.
É assim que acontece, e apesar de ser algo levemente esperado, não anula a probabilidade de ser decepcionante. Foi um teatro. Foi drama e comédia romântica ao estilo suicida.
Vocês provavelmente não entenderão o que escrevi neste último parágrafo. Pouco me importa. Só tenham cuidado com as arianas...
Qual o prazer almejado quando se gola um copo de vinho? E nos sucessivos outros copos? O que eles escondem? Talvez a futilidade com máscara de coragem, que põe à tona todos os absurdos possíveis do inconsciente humano. Ou talvez libertem de vez a total falta de amor próprio dos que se embebedam intencionalmente, dos carentes de amor e atenção, que por não conhecerem as leis da vida usam dos extremos pra se mostrarem existentes neste mundo que pouco lhes dá atenção... Talvez busquem na “fantasia” o amor que o pai não deu, e que continuará fantasiado até o momento em que chega o fim o efeito da droga: ressaca.
A embriaguez não é poesia, desculpa nem solução. É a necessidade de estar tonto e assumir a incapacidade de seguir adiante, de vomitar e pôr pra fora toda a inutilidade contida no ser, de tirar a beleza da autenticidade e da verdadeira face do homem. Vocês me entendem?
Entendendo ou não, quando sentir que se está perdendo o controle do absurdo, parem de beber...