terça-feira, setembro 05, 2006

Ênio Mainardi

O que costumo ouvir desatento é mais interessante que o que me dizem com atenção. Falam matemática e física, ouço matemática espírita. Não pode ser isso. Recuso. São meus ouvidos loucos, surdos. E fico com a versão dadaísta, impressionista, surrealista.O louco verbal me atrai mais do que o razoável convencional.Dessa maneira, afino minha audição para o silêncio calculado, espantado. Fico quieto, observante, atento às palavras passantes.O que ouço e me faz silencioso são as frases ditas sem palavras. Como os gatos e os cachorros, percebo freqüências mudas.Meu futuro, meu passado, ecoam fazendo tremer minha intuição apavorada, não desejada. Não quero, prefiro não saber ignorar. E então volto a sintonizar no mundo real, anormal.