domingo, julho 09, 2006

Como construir novas dúvidas... Ou me matem de uma vez!

Conchas se abrem, e as manhãs já não são as mesmas. Sinto aqui dentro, que o que correspondia ao lúcido e verdadeiro já não passa de ideais falidos, como estou de mim.
Pensei que o que a maioria venerava, respeitava e entendia, serviria para minha íntima compreensão, e vi que a Lua estampada no lago não é verdadeira, e que também é falso o lago. Andar à noite pelas vielas interiores é passar por longos constrangimentos; e inevitavelmente medrosos, contemplamos com estranheza e vergonha nossa alma, nossa pobre grande alma...
Mas, o que na verdade nos anima? E de que serve todas as nossas certezas? Para construirmos os alicerces das nossas lúgubres ilusões, talvez. Ou simplesmente para termos a convicção de que o que achamos ser verdadeiro não passa da mentira mais aceitável. Por isso mudamos constantemente; por adequarmos tais verdades às nossas atuais necessidades. Por isso a alienação faz os outros tão felizes.
É uma corrida infinita, por caminhos diferentes, mas todos buscando as mesmas respostas. Todos levando às mesmas decepções. Mas, impiedosamente, sentimos uma brisa fresca e confortável, que não passa de adjetivos, e que conhecemos por vários nomes, apesar deles não dizerem absolutamente nada. Sentimos enquanto o carro corre velozmente, e pomos nossa cabeça para fora da janela. Sentimos quando olhamos para as estrelas e, felizes, admitimos nossa pequenez perante o Universo, mas que ainda assim somos um dos fios responsáveis pela construção dessa magnífica teia...
Sentimos isso quando, ao fim de toda uma vida apoiada na razão, percebemos que a razão confunde, o sentimento complica; mas, ainda assim, senti-los nos dá mais prazer...
Não se morre de “pensar”. Mas se morre de amor.
Razão não nos faz chorar música, comer poesia, ouvir os ventos. Razão veio com a “Evolução” e nos joga cada vez mais ao precipício das dúvidas. Embala-nos à cadência da frieza, do tédio e da autodestruição.
Joga-nos contra nós mesmos, contra o espelho, e nos envergonha.
Sentir é beijar-te ao espelho. De amor ou de pena.
É morrer “divino”, tornar-se eterno. Para sempre menino...