sábado, março 04, 2006

Poema de mais de um tema

Escrevo de fome,
De lobo-solitário nas tardes,
Nas febres cotidianas das paixões,
Nos jardins empoeirados das cidades,
Nos campos ressecados dos verões.

Escrevo de medo,
Das tintas frescas da saudade,
Do conselho estúpido dos sábios
ou da beleza impalpável do amor;
Desigualdades que se encontram nas verdades,
E se entendem ao leve toque dos lábios.

Medo do terrível, do terreno, do desgaste,
Medo dos poetas, do relógio, do desgosto.

Canto o silêncio tranqüilo das noites,
Bebo a galáxia extensa em meus sonhos,
Nos contos-de-fadas sou vento e deserto.
E escrevo, e viajo, e fujo,
Ora longe estou perto,
Andarilho dos vales celestes,
Nos poemas da alma, sou forte.
Sinto que me devo respostas,
Que sozinho e calado sou mundo,
Mas sozinho no mundo, sou morte.


D. Lordelo
03/03/2006